A temática de intrusão de vapores vem tomando cada vez mais espaço dentro do Gerenciamento de Áreas Contaminadas. E não é para menos: com exceção da emblemática questão sobre a necessidade de remediação de uma área até que sejam atingidos os valores de potabilidade, a intrusão de vapores se constitui na maior razão pela qual um sistema de monitoramento e de intervenção / remediação é implantado!
Uma vez contaminados o solo e/ou a água subterrânea por substâncias capazes de volatilizar (“evaporar”), podem ocorrer migrações desse vapores em direções variadas, movidas pelo fenômeno de difusão, que pode levar essas substâncias, comumente tóxicas e/ou cancerígenas, a migrar para perto da superfície, onde, por movimentos advectivos, podem atravessar rachaduras imperceptíveis em pisos e chegar à superfície, onde respiramos. Por se tratarem de concentrações muito baixas, não há percepção de odor, mas a exposição do ser humano e de animais a longo prazo, seja no trabalho ou no ambiente doméstico, pode levar a sérios danos à saúde.
Diferentemente da água subterrânea, que segue seu sentido de fluxo, a grosso modo, determinado pela potenciometria e pela anisotropia do meio, os vapores não possuem uma rota de migração previsível, sofrendo difusão para qualquer sentido e migrando para locais preferenciais (advecção), onde a circulação seja facilitada (bolsões de ar, local com diferencial de pressão, acamamentos de tubos e estruturas civis, pequenas rachaduras, entre outros). Desta forma, a investigação para vapores mostra-se ainda como desafiadora em todo o mundo.
No estado de São Paulo e em nível federal ainda não há legislações específicas para o tema, que vem sendo tratado com base em estudos e especificações internacionais (especialmente do órgão ambiental estadunidense, a EPA).
Para investigações de vapores do solo, há duas principais abordagens:
– Investigações passivas: auxiliam na avaliação inicial de um dado local, possibilitando muitas vezes determinar a localização de fontes de contaminação por substâncias voláteis e/ou possíveis caminhamentos preferenciais. Constituem-se em uma ferramenta importante na tomada de decisão acerca de onde focar a investigação e futuras ações de remediação;
– Investigações ativas: compreendem medidores portáteis de resposta rápida (que variam de semi-quantitativos a quantitativos, mas geralmente com alto limite de detecção) ou utilização de métodos de amostragem com análise laboratorial, que permitem saber a concentração das substâncias em determinado ponto com maior precisão.
Os trabalhos relacionados à intrusão de vapores podem ter objetivos diversos que variam desde o entendimento de migração dos contaminantes a partir do solo ou da água subterrânea, até capacidade de acúmulo no contrapiso e determinação de locais preferenciais, além de medições em ar ambiente para avaliação da exposição de pessoas a estes vapores.
A abordagem dada ao tema e as estratégias de investigação, monitoramento e ações a partir destes resultados, dependerão de cada caso e dos potenciais riscos que possam trazer aos receptores presentes no local.
Em postagens futuras, explicaremos sobre algumas técnicas e abordagens de forma mais detalhada.