O rompimento da barragem da empresa Vale na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, foi uma tragédia sem precedentes na história do Brasil. O mar de lama deixou um rastro de destruição por onde passou. Foram muitas vidas humanas perdidas e uma fauna e flora locais devastadas. Mas como evitar uma catástrofe destas dimensões? A AmbScience reflete sobre o caso de Brumadinho MG.
A barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, rompeu no último dia 25 de janeiro. Ao todo, 13 milhões de m³ de lama atingiram o centro administrativo da Vale, uma pousada, comunidades da região e chegaram ao Rio Paraopeba. De acordo com informações do Jornal Estado de Minas, já foram identificados 238 mortos identificados e 32 pessoas ainda estão desaparecidas.
A barragem rompida no caso de Brumadinho MG utilizava uma tecnologia de construção comum em projetos de mineração mais antigos. No entanto, esta é uma opção menos segura. O método é chamado de alteamento a montante. Segundo a reportagem do jornal G1, este método “permite que o dique inicial seja ampliado para cima quando a barragem fica cheia, utilizando o próprio rejeito do processo de beneficiamento do minério como fundação da barreira de contenção. No sistema de alteamento a montante, a barragem vai sendo elevada na forma de degraus conforme vai aumentando o volume dos rejeitos. A lama que é dispensada é formada basicamente por ferro, sílica e água. É o método mais simples e também o mais barato.” A barragem que cedeu em Brumadinho tinha 86 metros de altura e não recebia novos rejeitos desde 2015.
O caso de Brumadinho MG demanda uma solução complexa devido aos grandes impactos que provocou ao meio ambiente. Muitos destes danos são irreversíveis. Toda a lama contaminada com rejeitos de minérios de ferro afetou os recursos hídricos, a fauna e a flora aquática e o solo da região.
Mas esta tragédia precisa ser analisada com atenção para que sejam evitados episódios semelhantes no futuro. As mineradoras e as empresas em geral devem se conscientizar que as bases do seu progresso econômico precisam estar de acordo os princípios da sustentabilidade. Quando as atividades de uma organização podem impactar tão gravemente o meio ambiente e a comunidade local, é imprescindível seguir os protocolos, respeitar a legislação, optar pelos processos mais seguros e fazer um monitoramento constante.
E esta evolução deve ser acompanhada e aplicada aos casos de minerações e barragens mais antigas, inclusive desativadas, as quais raramente são devidamente monitoradas ou passam por processo de remanejamento, o que faz com que, muitas vezes, se constituam como verdadeiras “bombas relógio”.
Desta forma, o emprego de tecnologias de melhores práticas e reaproveitamento se faz imperativo para as atividades em operação no presente, contudo, buscar melhores formas e soluções para as áreas que serviram a atividades no passado também deve ser imprescindível. Apenas assim podemos buscar evitar novas “Marianas” e “Brumadinhos”.