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uso de agrotóxicos

Consequências do uso de agrotóxicos para a saúde e o meio ambiente

O uso de agrotóxicos no Brasil, que já era alto se comparado a outros países, aumentou ainda mais.  Desde outubro de 2020, seguindo determinação do Ministério da Agricultura, a Anvisa permitiu a utilização de substâncias que já foram proibidas em outros países. Vamos saber o que são agrotóxicos e quais suas consequências para a saúde e para o meio ambiente neste conteúdo da Ambscience.

O que são agrotóxicos

Também chamados de defensivos agrícolas ou agroquímicos, os agrotóxicos são um conjunto de substâncias produzidas para exterminar ou inibir a proliferação de insetos, ácaros, ervas daninhas, fungos e outros tipos de vida animal ou vegetal que possam prejudicar a produção agrícola.

Vale dizer que a nomenclatura “agrotóxicos” é usada no Brasil (embora muitos produtores rurais discordem do termo), mas ao redor do mundo o termo mais comum designado para o uso de substâncias que inibam as pragas na agicultura é “pesticida”. Há até um projeto de Lei a pedido dos agricultores brasileiros para que o nome, considerado negativo, seja alterado.

Entre os agrotóxicos mais usados estão os acaricidas, fungicidas, herbicidas, inseticidas e rodenticidas.

Como o uso de agrotóxicos se modificou  ao longo  do tempo

Para entendermos mais sobre o uso atual dessas substâncias, vamos voltar um pouco no tempo para saber o que originou a necessidade dos agrotóxicos e como seu uso se intensificou ao longo das décadas.

Os primeiros registros oficiais sobre os agrotóxicos datam da Primeira Guerra Mundial, mas foi durante a Segunda Guerra que ele foi usado como arma química.

Com o final da Guerra, a indústria química foi o foco de investimentos de grandes empresários da época. Naquele período, o cenário europeu era de fome em muitas regiões da Europa e era necessário aumentar a capacidade de produção nas plantações para atender a essa demanda.

Esse momento histórico foi chamado de Revolução Verde e marcou grandes tansformações no campo. A partir daí, todo o processo se modernizou, a produção agrícola passou a contar com pesquisas sobre a qualidade do solo, meios para fertitilizá-lo, investimentos em maquinário e mão de obra especializada para assegurar que plantações e colheitas fossem feitas em grande escala e em menos tempo.  

E para garantir a segurança contra pragas, que poderiam destruir plantações inteiras em pouco tempo, o uso de pesticidas passou a ser adotado.

Os perigos do uso de agrotóxicos para o meio ambiente

As substâncias presentes em agrotóxicos, além de eliminarem as pragas, prejudicam espécies importantes para o equilíbrio da biodiversidade como abelhas, vegetações, minhocas e pássaros, entre outros. O uso excessivo pode ainda afetar espécies que estão no topo das cadeias alimentares, ocasionando um desequíbrio de todo o ecossistema.

A contaminação da água também é um problema, já que alguns agrotóxicos são hidrossolúveis e podem chegar a rios, córregos e lagos, afetando a biodiversidade aquática, além de chegarem a aquíferos, podendo inviabilizar o consumo dessa água, o que é crítico se notarmos que em muitas áreas rurais a população consome águas de poços cacimbas. De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas datado de 2018, a agricultura é um dos maiores responsáveis pelo desperdício de água em termos de volume.

Quais as consequências para a saúde

O uso deliberado de agrotóxicos se tornou um problema de saúde pública e tende a piorar nas próximas décadas.

O Brasil é um dos países que mais consomem agrotóxicos. Só entre 2020 e 2021, foi liberado pelo Governo Federal o uso de mais 118 novos produtos, incluindo substâncias polêmicas banidas em outros países. É o caso do fipronil, um pesticida relacionado a morte de 500 milhões de abelhas, em 2019, e que foi proibido em parte da União Europeia. 

Sobre a intoxicação direta de seres humanos, pode ser dividida entre dois tipos principais: a aguda e a crônica. Os principais sintomas de cada uma são:

Aguda: ocorre quando o indivíduo é exposto a altas doses da substância. Os principais são dores de cabeça, sonolência, dores de estômago, náuseas, diarreia, irritação nos olhos, vômitos, arritmia cardíaca e até morte.

Crônica: de longo prazo, quando a vítima é exposta gradativamente a doses menores das substância agrotóxicas. Geralmente, os sintomas ou doenças levam meses ou até anos para aparecer e costumam graves como a paralisia, câncer, esterilidade e abortos.

Como o controle do uso de agrotóxicos ainda está longe do ideal, identificar a relação entre os sintomas acima e o uso das substâncias, acaba se tornando um grande desafio. Um exemplo foi a substituição de agrotóxicos classificados como organoclorados por organofosforados, que acreditávamos serem  menos danosos à saúde. No entanto, têm-se demonstrado em estudos recentes que mesmo pesticidas organofosforados podem apresentar riscos expressivos à saúde.

Outro ponto importante é o uso em quantidades além das recomendadas pelos fabricantes e para culturas diferentes daquelas recomendadas.

Alternativas para reduzir o uso de agrotóxicos

O termo agroecologia parte de uma possibilidade sustentável para manter a produção agrícola. Essa proposta substitui os agrotóxicos por policultivos que equilibram (sem exterminar) a convivência entre insetos, bactérias com as plantações. São usados dejetos de animais ou restos de alimentos como fertilizantes orgânicos no solo.

Embora esteja ainda ganhando o seu espaço, a agroecologia surge como uma solução sustentável, que garante a qualidade de alimentos saudáveis e o equilíbrio do ecossistema. No entanto, sua utilização demanda a mudança de cultura em algumas práticas já bastante consolidadas no Brasil, como a monocultura.

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